
Olá!
Eu sou Sarah Sanches.
Lésbica, poeta, baiana e jornalista. Estou com 34 anos. Sou Especialista em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidades (UNEB) e bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (UFRB), tendo produzido como TCC o livro-reportagem "Mulheres que amam mulheres: narrativas lésbicas no interior da Bahia", no qual entrevistei lésbicas de diferentes grupos etários, entre os 18 e 68 anos. Pesquiso a existência lésbica e o envelhecimento de mulheres que amam mulheres.
redes sociais:

De mãos dadas com uma mulher, eu sou uma lésbica.
Sozinha em meu quarto, eu sou uma lésbica.
Caminhando na rua, sentada na praça, na fila do banco, eu sou uma lésbica.
Sentada à mesa de um almoço em família, eu sou uma lésbica.
[...]
Quando choro, eu sou uma lésbica.
E se sinto os músculos da barriga doerem enquanto gargalho, eu sou uma lésbica.
Quando abraço a minha mãe, eu sou uma lésbica.
E quando cumprimento a minha vizinha no caminho para casa, eu sou uma lésbica.
Quando deito para dormir, eu sou uma lésbica.
E quando acordo na manhã seguinte, eu sou uma lésbica.
Debaixo do chuveiro, na frente do espelho, revelada em uma fotografia, eu sou uma lésbica.
Se falam de mim, eu sou uma lésbica.
E se falo de mim em primeira pessoa: "Eu sou uma lésbica".
Eu sou uma lésbica.
Sarah Sanches
publicado na Coletânea Erótica - Versos lésbicos (Editora Tucum, 2022).


Minha história


Costumo dizer que eu fui a primeira lésbica que conheci na vida, mas isso não é por inteiro uma verdade.
Houve algumas mulheres supostamente lésbicas presentes ao longo do curso da minha infância e adolescência, como uma colega de trabalho da minha mãe ou uma vizinha de bairro, dona de uma locadora de filmes que ficava em sua garagem. Ela estava sempre de cabelos bem amarrados para trás, roupas folgadas, unhas curtas e sem esmaltes, tinha ombros largos e gestos que eu não saberia nomear, mas que compunham os detalhes daquilo que me atraíam à locadora para vê-la. Eu a achava linda, a ponto de ficar com as bochechas vermelhas ao vê-la e sentir certo tremor na garganta com a sua presença, um nervosismo que eu não entendia. Na locadora, uma mulher trabalhava com ela e, diziam no bairro, elas moravam juntas. Assim: moravam juntas. Um rumor que para mim, aos 12 anos, soava incompreensível.
O que significava, afinal, sussurrar que duas mulheres moravam juntas?
Na escola, tive colegas que, suspeitavam os demais, não gostavam de meninos. Essas meninas gostavam de jogar bola ou ainda enfrentavam as brincadeiras agressivas dos garotos, eram mal vistas pelas outras meninas e recebiam apelidos pejorativos. Na televisão, não acessei personagens lésbicas de maneira explícita, os romances que vi entre mulheres (ou que imaginei) eram retratados como amizades íntimas ou até imaturas, relações atravessadas por personagens homens e/ou negadas em outros espaços.
Assim, digo que fui a primeira lésbica que conheci porque, antes de mim, tudo que eu soube foram sussurros, códigos sociais incompreensíveis e estigmas debilitantes. Por muitos anos, me mantive inconsciente de que era possível ser uma mulher que se relaciona afetivossexualmente com outras mulheres e, mais que isso, aprendi que ser lésbica, essa palavra até então nunca nomeada, era algo vergonhoso, que precisava ser mantido em segredo - nunca dito em voz alta, nem mesmo pelos outros.
Contribuir com o registro, a valorização e a humanização das nossas existências — com todas as minhas limitações e as das estruturas que nos atravessam — foi a promessa que fiz a mim mesma ao me assumir lésbica. É essa promessa que me move também como pesquisadora, e que me trouxe até aqui.
Trajetória acadêmica
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2023-2024
2013-2018
Mestrado em andamento em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismo.
Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil.
Título: O que é envelhecer quando se é lésbica?
Orientadora: Alda Britto da Motta.
Coorientadora: Zuleide Paiva da Silva.
Palavras-chave: existência lésbica; envelhecimento; história de vida; mulheres velhas.
Especialização em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidade na formação de Educadores/as.
Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Brasil.
Título: Pensadoras lésbicas feministas (Cartilha pedagógica).
Orientadora: Zuleide Paiva da Silva.
Coorientadora: Lizandra Mendes de Souza.
Palavras-chave: pensamento lésbico, lésbicas, lesbianismo, material pedagógico.
Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB, Brasil.
Título: Mulheres que amam mulheres: narrativas lésbicas no interior da Bahia.
Orientadora: Maria de Fátima Ferreira.
Palavras-chave: lesbianidade, história de vida, livro-reportagem.
Finalista na categoria "Melhor livro-reportagem" da região Nordeste, no XXI Congresso de Ciências da Comunicação, promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).
Saiba mais em:


se você é uma mulher 60+ que se relaciona com outras mulheres:





